Joana Vasconcelos apresentou na Manchester Art Gallery (MAG) a sua mais ambiciosa e importante exposição realizada no UK, até à data. Time Machine reúne 24 trabalhos, na sua maioria obras concebidas para a mostra em Manchester, destacando-se a monumental instalação site-specific que irá ocupar o espaço envidraçado do átrio de três andares.
O percurso da exposição oferece ao público quatro diferentes abordagens. O exterior é marcado pela presença de duas obras nos flancos do edifício (Nicholas Street e Princess Street). No interior da MAG a mostra propõe três diferentes experiências expositivas: intervenção site-specific; diálogo com as coleções; e apresentação em espaços dedicados a exposições temporárias.
Longe da arte que se esconde do quotidiano e o diaboliza, a obra de Joana Vasconcelos inspira-se nos excessos, contradições e ambiguidades da vida e dialoga de forma aberta e desafiadora com os diferentes tempos. Passado, presente e futuro manifestam-se com substrato único nas obras da artista e ampliam os níveis de significação quando interagem com o espaço, particularmente quando os lugares encerram uma memória densa e qualidades plásticas e arquitetónicas ricas.
Joana Vasconcelos já provou que o espaço é também ele parte integrante do seu trabalho. Por isso, quando se cruzam, obra e lugar, conhecem diferentes matizes. Sempre que habitam um novo ambiente, as peças ganham leituras inéditas.
Esta relação obra/espaço não tem, contudo, sentido único. Se a obra recebe um suplemento de significação com a presença no espaço, também é verdade que retribui com generosidade, enriquecendo o lugar com conceitos desafiadores das rotinas programadas do quotidiano, resultado das engenhosas operações de deslocação que servem o trabalho de Vasconcelos.
A exposição Time Machine foi apresentada em 2014 na Manchester Art Gallery (MAG), sob a direção de Maria Balshaw.