Opulento e exuberante, ao entrar no nosso campo de visão, 'Flaming Heart' parece pulsar desmesuradamente com os seus vários tons de vermelho, fúcsia e roxo. As suas artérias tentaculares invadem o espaço do observador, contaminando a arquitetura envolvente, num exercício em que o edifício se transforma num organismo vivo. As luzes LED embutidas na peça, que pulsam ao ritmo dos batimentos cardíacos humanos, aumentam exponencialmente o pulsar deste corpo metamórfico que gravita com imponência.
Fiel ao vocabulário visual de Joana Vasconcelos - coberto de lantejoulas brilhantes e adornado com orlas coloridas, elementos amorfos de croché e tecidos minuciosamente bordados - 'Flaming Heart' exibe abundantemente uma diversidade de texturas e uma riqueza de pormenores que aludem às técnicas artesanais tradicionalmente femininas.
A instalação site-specific foi concebida para interagir com o claustro do século XVI da Igreja de Santa Caterina a Formiello. Esta ligação torna-se mais clara ao sabermos que o rei de Nápoles, Fernando I (1751-1825), transformou o espaço numa próspera fábrica de lanifícios. 'Flaming Heart' está agora suspenso numa maravilhosa treliça de madeira que serviu para a secagem da lã no passado. Este raro exemplo da arquitetura renascentista napolitana e industrial, que funcionou até ao final da segunda fase da unificação italiana (1861), é agora parte integrante da Fondazione Made in Cloister, que o restaurou e reconverteu, transformando o monumento histórico num inovador centro de exposições da cidade. Um novo sopro de vida que permite à arte contemporânea brilhar.
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