Joana VasconcelosJoana Vasconcelos
Joana
Vasconcelos
Biografia

Nascida em 1971, Joana Vasconcelos é uma artista plástica portuguesa com uma carreira de cerca de 30 anos que abarca uma enorme variedade de técnicas. Reconhecida pelas suas esculturas monumentais e instalações imersivas, descontextualiza objetos do quotidiano e atualiza o conceito de artes e ofícios para o século XXI, estabelecendo um diálogo entre a esfera privada e o espaço público, a herança popular e a alta cultura. Com humor e ironia, questiona o estatuto da mulher, a sociedade de consumo e a identidade coletiva.

A aclamação internacional chegou em 2005 com A Noiva na primeira Bienal de Veneza curada por mulheres, onde voltou três vezes até à data, em 2013 ao leme do Trafaria Praia enquanto Pavilhão de Portugal, o primeiro flutuante do certame. A mais jovem artista e primeira mulher a expor no Palácio de Versalhes; em 2012 a sua exposição foi a mais visitada em França em 50 anos, com um recorde de 1,6 milhões de visitantes. Em 2018 tornou-se na primeira artista portuguesa a ter uma individual no Guggenheim de Bilbau, a quarta melhor desse ano para The Art Newspaper e terceira mais visitada da história do museu. Em 2023 concretizou a honra de expor nas Galerias Uffizi e no Palácio Pitti, em Florença, ao lado de mestres clássicos Leonardo Da Vinci, Michelangelo ou Caravaggio.

Pelos quatro continentes, as suas obras de arte marcaram ainda presença em exposições no Palazzo Grassi, Thyssen-Bornemisza, Royal Academy of Arts, Manchester Art Gallery, Yorkshire Sculpture Park, Kunsthal Roterdão, CCBB e Pinacoteca de São Paulo, Istambul Modern, Garage Center for Contemporary Culture de Moscovo, Le Centquatre e La Monnaie Paris, Palais de Tokyo e Hermitage; e integram coleções tais como a Tia Collection, Ömer Koç, CCB/Berardo e as das fundações Rothschild, Calouste Gulbenkian, François Pinault e Louis Vuitton.

Agraciada com mais de 30 prémios, em 2009 recebeu o grau de Comendadora da Ordem do Infante D. Henrique pela Presidência da República Portuguesa e em 2022 tornou-se Oficial da Ordem das Artes e Letras pelo Ministério da Cultura Francês. A partir de Lisboa para o mundo gere, desde 2006, o Atelier Joana Vasconcelos com mais de 50 funcionários e, em 2012, criou a Fundação Joana Vasconcelos para conceder bolsas de estudo, apoiar causas sociais e promover a arte para todos.

FAQs

O meu avô costumava dizer que "são precisas várias gerações para se produzir um artista numa família". Eu tive o privilégio de nascer numa família com uma grande paixão pelas artes e pela cultura que sempre me apoiou. Mas também tenho a noção de que cada sociedade produz os seus próprios artistas, pessoas livres da programação aplicada às outras profissões e que são chamadas a refletir o tempo em que vivem. Foi isso que me aconteceu, não dependeu tanto de uma decisão quando do reconhecimento da comunidade artística. E todos os dias tento dar o meu melhor para estar à altura.

Na minha opinião, a arte deveria ser menos racionalizada e mais desfrutada. É importante que nos esforcemos por compreender o mundo à nossa volta, claro, e que as obras de arte sejam intelectualmente estimulantes. Mas não subscrevo a teoria de que deveriamos dizer às pessoas o que estão a ver e fico sempre maravilhada com as coisas que as pessoas projetam para as minhas obras, que tem muito a ver com as suas vivências. Adoro criar obras que deixam as pessoas a pensar mas o que me interessa acima de tudo é a ligação que elas criam com as peças e que se divirtam. O me move é a reação de "uau" e nada me deixa mais feliz do que ver as pessoas saírem de uma exposição minha com um sorriso no rosto. 

O que orienta a minha prática não é o tamanho em si. A escala das minhas obras deriva isso sim dos materiais que eu escolho usar para passar uma mensagem e os sapatos Marilyn são um bom exemplo disso. Peguei num tacho médio (daqueles que se usam todos os dias em Portugal para cozinhar arroz para uma família de quatro pessoas) e multipliquei-o até criar um símbolo de glamour, elevando o estatuto das mães de família. Eu trabalho muito a ambiguidade e, a partir de pequenos objetos banais, e do processo de descontextualização e repetição, crio uma outra forma maior. A escala não tem uma qualidade mágica por si só, aquilo que me interessa é criar diferentes perspetivas sobre a realidade.

Aconteceu-me com bastante frequência ser "a primeira mulher" a adquirir um certo estatuto, como em Versalhes, e sempre me interroguei porque é que as outras mulheres artistas não tinham tido essa honra antes de mim. Nem é uma coincidência que os "materiais nobres" continuem a ser a pedra e o metal... O mundo da arte continua a ser um território dominado pelos homens e, enquanto as mulheres não tiverem o mesmo salário ou as mesmas oportunidades, precisamos de continuar a defender os valores do feminismo. Mas, acima de tudo, eu bato-me por direitos iguais para todos os seres humanos.

Tenho perfeita noção de que não faria as obras que faço se não fosse uma mulher e se não fosse portuguesa. Nasci em França (a ditadura tinha levado os meus pais ao exílio) mas cresci em Portugal e sempre me maravilhei com a riqueza da cultura portuguesa e com a ligação entre artes e ofícios tão presente no meu trabalho. Azulejos, cerâmica, têxteis, bordados, joias, talha dourada; a abundância de cor e o uso da luz são tudo declinações do saber fazer do país e tornaram-me numa verdadeira artista do Barroco.

Fun Facts

👉 Foi chefe de segurança na discoteca Lux, em Lisboa. 'A Noiva' foi instalada ali e levou ao convite para integrar a primeira Bienal de Veneza curada por mulheres em 2005. Durante muito tempo ficou conhecida como a 'artista dos tampões', que lhe chegaram a pedir para autografar no meio da rua.

👉 Pratica karaté desde os oito anos, é cinturão negro e chegou a pensar em ser professora da prática (não tivesse sido uma lesão no joelho). Descreve-se a si própria como uma mulher-samurai.

👉 Pertence a uma família criativa: o pai é fotógrafo, a mãe estudou decoração, a tia era poeta e Joana chegou a organizar uma exposição para a avó, pintora afirmada na terceira idade.

👉 Chegou a pensar estudar Arquitetura, e continua a vibrar com a ligação entre a obra de arte e o espaço em que esta se insere. Acabou por estudar Desenho e Joalharia mas viria a firmar o seu nome na Escultura.

👉 Está a terminar um programa de formação em práticas xamânicas. Pratica meditação todos os dias e ioga três vezes por semana no seu atelier de Lisboa, onde co-criou um departamento de bem-estar a que deu o nome de Corpo Infinito.

👉  Joana Vasconcelos em números. Com a primeira exposição em 1993, completa 30 anos de carreira e soma 912 exposições, 164 das quais individuais. Já deu ao mundo 1759 obras de arte, figurou em 202 catálogos e recebeu 34 prémios e distinções. Bateu recordes de visitantes em Portugal no CCB, em Serralves, no Palácio da Ajuda. A sua individual em Versalhes foi a exposição mais vista na França em 50 anos com 1.6 milhões de visitantes e a do Guggenheim de Bilbau continua a ser a terceira mais visitada da história do museu.

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