Loft apresenta-se sob a forma de oito paredes cobertas com oito diferentes revestimentos: mármore, granito, azulejo, aço inox, madeira, estuque, espelho e mosaico pastilha. A disposição das paredes no espaço constrói uma nova organização espacial, simulando as diferentes divisões do lar: a cozinha, a sala, o quarto, a casa de banho. Do interior das paredes irrompem volumes têxteis tentaculares, ricos em texturas e cor – combinam tecidos industriais, técnicas artesanais e adereços variados -, que percorrem o espaço, ligando as diferentes paredes.
Há uma expressão em português, retirada do título de uma canção popularizada por Amália Rodrigues, que assumiria um profundo sentido irónico, quando confrontada com a instalação de Joana Vasconcelos. “Nem às paredes confesso” reporta ao mais íntimo dos segredos, à intimidade da intimidade, não passível de confissão ou partilha. Loft parece metaforicamente confrontar esta realidade a partir de paredes rompidas e atravessadas por estranhos corpos têxteis coloridos. São talvez as entranhas da arquitectura – canalizações, condutas de ar, fios eléctricos, etc –, ou as vísceras da nossa intimidade, metamorfoseadas em volumes têxteis desafiadores da ordem racional do espaço arquitectónico. Saturadas do confinamento, revoltam-se, transformam-se e fazem-se anunciar; coloridas, estranhas, mas familiares, quebrando as diferentes superfícies dos casulos que as hospedavam.
Loft desafia as estruturas sem vida da intimidade do lar. Estas “paredes” não dissimulam, não ocultam, ou escondem ouvidos, como alertava um antigo provérbio persa; antes, revelam um profundo desejo hedonista de expressar vida. Contaminando-as com a riqueza do absurdo e do surreal, Vasconcelos aproxima-nos de um território, inesperadamente, orgânico e biológico.





Azulejos Viúva Lamego pintados à mão
Papel de parede
Staff
Lambril
Aço inoxidável
Espelho biselado
Mosaico pastilha
Pintura lacada
Carpete
Tricô e croché de lã feitos à mão
Tecidos
Adereços
Poliéster
MDF
Contraplacado
Ferro
Obras










