Numa colaboração inédita com a marca francesa Dior, e a partir de 20 tecidos da coleção Outono Inverno 2023-2024, Joana Vasconcelos criou para o desfile uma monumental escultura têxtil site-specific, intitulada Valquíria Miss Dior.

Totalmente elaborada à mão, a obra de cerca de 24 metros de extensão por sete de altura, e cujo peso supera a tonelada, é uma estrutura metamórfica, composta de um núcleo central suspenso no teto, de onde pendem múltiplos braços tentaculares, por entre os quais ziguezagueiam as modelos com as criações da estação, num diálogo de padrões florais, cor e luz. O brilho da seda e a elegância da organza contrastam com uma multiplicidade de texturas, a exuberância dos estampados e a riqueza de pormenores, conferida através de intrincados elementos em croché, meticulosos bordados e um festim de ornamentos, tais como lantejoulas, galões, borlas e centenas de luzes LED, que simulam um efeito de vibração própria.

O convite partiu de Maria Grazia Chiuri, actual Diretora Criativa da marca, que se vem afirmando no mundo da moda não só pela forte mensagem feminista mas também pela valorização do saber fazer manual e da tradição artesanal. Para a presente coleção, a estilista italiana recuperou alguns padrões iniciais da marca fundada em 1947 por Christian Dior, que encontrou uma musa na sua irmã Ginette. Também conhecida por Catherine ou Miss Dior, tinha especial preferência por padrões florais. Trabalhou como florista e na produção de rosas - gosto que herdou dos pais Maurice e Madeleine Dior - para fragrâncias. Foi ainda uma mulher de causas, tendo integrado a Resistência Francesa e sobrevivido a um campo de concentração. Nela, Joana Vasconcelos reconheceu uma figura feminina a ser homenageada, como tem feito com frequência na hora de atribuir nome às suas criações têxteis.