No Max Ernst Museum Brühl des LVR foi apresentada a primeira exposição individual de sempre, num museu na Alemanha, de obras da artista portuguesa Joana Vasconcelos.
A exposição reuniu 20 objectos e instalações criados ao longo dos últimos 20 anos, que permitem uma visão abrangente do modo de trabalho de Joana Vasconcelos. A artista, que vive e trabalha em Lisboa, é conhecida pelas suas obras de grandes dimensões com as quais, de forma humorística e alusiva, investiga as fronteiras entre o tradicional e o moderno, a alta cultura e a cultura corrente, o artesanato e a produção industrial. A primeira vez que atraiu a atenção internacional foi na Bienal de Veneza, em 2005, com a sua obra A Noiva [The Bride], um candelabro monumental criado a partir de milhares de tampões. Em 2012, tornou-se a primeira artista mulher a ser convidada para uma exposição individual no Palácio de Versalhes.
Nas suas obras de grande formato, Joana Vasconcelos utiliza frequentemente objetos do quotidiano, que aliena e reinterpreta, combinando-os numa espécie de arte surrealista e idiossincrática. Para tal, recorre também a materiais como o azulejo, a cerâmica ou os tecidos, empregando técnicas tradicionais de artesanato, como o croché, a costura e o tricot. É assim que, no seu atelier, surgem as suas chamadas Valquírias, seres bizarros e volumosos feitos de tecido, que se impõem nos espaços. As suas obras abordam questões de identidade cultural e de papéis de género e revelam pontos de contacto com práticas que também inspiraram Max Ernst e os surrealistas.
Frequentemente, a artista retoma os símbolos icónicos da arte popular tradicional, como na sua instalação Coração Independente Vermelho, um objeto de grandes dimensões feito de talheres de plástico e acompanhado ao som de fado. Outro destaque da exposição é a obra Carmen Miranda, um salto alto de 3 metros de altura feito de panelas e tampas de aço soldadas, que entra num diálogo emocionante com a grande escultura Capricórnio, de Max Ernst, que se encontra na coleção permanente, na chamada sala de dança do Museu.